Eu me deparei com a imagem acima no Facebook e postei o seguinte comentário:
As pessoas entendem o conceito de Estado laico de forma errada. Estado laico não quer dizer que a religião é proibida, mas sim que não existe religião oficial de estado, todas as religiões são livres para existir em um Estado laico. O Estado é laico, mas as pessoas não. Querer que alguém abra mão completamente de seus valores religiosos quando tiver que tomar decisões, seja essa pessoa um agente público ou não (leia político) é negar já de cara o direito à liberdade religiosa. É favorecer um Estado que não é laico, mas sim anti-religião. A imposição de uma ditadura anti-religiosa.
Além do que está escrito acima, mais duas observações sobre o texto da imagem:
  • Esse é um clássico exemplo de raciocínio circular. O texto, que tem como premissa que estado laico é o mesmo que políticos laicos, já usa essa premissa em sua própria conclusão, sem prová-la antes. Ou seja, antes de afirmar que um político não deve trazer suas convicções religiosas pois isso é que significa Estado Laico, seria necessário primeiro provar que esse ponto é válido, o que nem é ao menos tentado aqui.
  • Segundo, o texto da imagem quer proibir políticos de usar o seu direito à liberdade religiosa. Ora, não é isso que o texto está reclamando, que não se deve usar política para negar direitos civis? Ou é apenas errado negar direitos civis se por trás disso houver princípios religiosos? Se for por qualquer outro motivo, tudo bem?


Cuidado em compartilhar com concordância o que aparece por aí. Essa imagem estava na página de uma instituição religiosa (não cristã). Talvez a próxima imagem não tenha “o político poderá ter sua religião em caráter privado”, mas algo como “políticos não poderão ter religião”.