Thursday, May 09, 2013



Você está em uma conversa sobre aborto (por exemplo) e aí, em reposta a algum argumento seu, a outra pessoa diz: “é, mas você pensa assim porque é religioso”. Isso já aconteceu comigo várias vezes, tanto aqui no blog, quanto no Facebook, quanto na vida real. O intuito da pessoa é invalidar o argumento mostrando a sua origem. No caso, se um pensamento tem origem religiosa, ele é automaticamente falso.
Esse tipo de resposta é um erro de pensamento, conhecido como falácia genética. Na falta de uma resposta melhor, uma manobra retórica leva o interlocutor para essa falácia. Antes de mostrar porque esse pensamento é falacioso, eu quero reforçar que todo tipo de pensamento tem algum origem. Todo mundo tem uma lente pela qual enxerga o mundo. O ateu, por exemplo, interpreta o mundo através da negação da existência de uma divindade e da negação do sobrenatural, em sua maioria. O religioso interpreta o mundo através de suas crenças religiosas, assim como o ateu. Se você acredita que o ser humano é basicamente bom, é assim que você vai guiar suas decisões e escolhas, especialmente em relação à sociedade. Se você acredita que o ser humano é basicamente mau, é assim que você vai guiar suas decisões. Todas as pessoas (TODAS) usam suas crenças para interpretar o mundo e expressar suas opiniões. A origem de uma ideia por si mesma não é suficiente para desqualificá-la, já que todas as ideias possuem uma origem na crença daquele que a expressa. Se não fosse assim, todas as ideias já estariam desqualificadas automaticamente.
Mas o que torna a falácia genética uma falácia de verdade é que a origem de uma ideia pouco ou nada tem a ver com a sua veracidade. Esta precisa ser determinada por seus próprios méritos. Se eu afirmar que “o estado de Minas Gerais é o maior produtor de queijos artesanais do Brasil” e você respondesse, “você fala isso só porque é mineiro”, você estará fazendo um uso clássico da falácia genética. Ou Minas Gerais é o maior produtor brasileiro de queijos artesanais ou não é. Se eu sou mineiro ou paulista ou gaúcho nada tem a ver com a questão. A afirmação tem que ser verificada por seus próprios méritos.
É assim quando alguém diz que suas afirmações não são válidas porque tem origem religiosa. Ele está usando da falácia genética para tentar silenciar a conversa. Agora que você conhece esse truque, não se deixe enganar.

Posted on Thursday, May 09, 2013 by Maurilo e Vivian

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Wednesday, May 08, 2013



Eu estava lendo um texto na internet que falava sobre isso. Por que somos tão obcecados com homossexualismo (escolhi essa palavra porque não fui convencido pelo argumento ruim que –ismo denota doença. Essa é uma das opções, mas não a única, portanto, não existe aqui motivo para mudança). Você pode ler o artigo todo em inglês aqui.
Mas resumidamente, o autor, que possui um trabalho importante dentro de universidades, sempre é perguntado sobre homossexualismo, não importa o tem que ele estiver falando. Apenas pelo fato de ser cristão ele sempre é instigado para dar sua opinião sobre o assunto. E via de regra ouve a pergunta: por que vocês são tão obcecados com o homossexualismo?
Bom, na verdade, o evangélicos não são obcecados com o homossexualismo. A sociedade em geral, e os ativistas gays especificamente, são obcecados com esse tema. A igreja apenas está tendo que responder a esta questão que está sempre vindo à tona.
Todo debate que envolve os evangélicos acaba sendo arrastado para uma discussão sobre o homossexualismo. Como o pecado do momento é ser homofóbico (definido pelo ativismo gay como todo aquele que discordar do movimento homossexual) fazer com que o evangélico vocalize uma opinião “homofóbica” se torna um trunfo em si mesmo. Uma opção retórica que está ganhando terreno, mesmo que seja em si falaciosa.
Isso tudo me lembrou uma conversa que tive com um amigo na Nova Zelândia que dizia que nós cristãos somos conhecidos por só falar sobre aborto e homossexualismo. Eu reforcei que nós somos conhecidos assim não porque apenas falamos sobre isso, mas porque a mídia quer nos caracterizar assim. A única coisa que a mídia quer ouvir dos evangélicos é como eles odeiam os homossexuais. O resto é bobagem.
Veja o caso do Marcos Feliciano. Ninguém fala sobre sua teologia ruim, como ele representa o que existe de pior no meio evangélico. Nada disso. Apenas um ponto é destacado: sua homofobia. Aliás, parece que ele é acusado disso. Interessante que ter uma opinião diferente está se tornando crime. Estamos vendo o levantar da ditadura gay. Enfim, mesmo o suposto racismo da parte de Feliciano (fruto de sua teologia ruim) é praticamente ignorado. O que realmente interessa é reforçar que ele acha que homossexualismo é pecado. A mesma opinião da maioria dos cristãos ao redor do mundo. A mesma opinião expressada pela Bíblia.
Enfim, os evangélicos não são obcecados com o homossexualismo. Eu tenho certeza que a maioria dos evangélicos talvez nunca tocaria no assunto. Não ficamos gritando dos nossos púlpitos o tempo todo que o homossexualismo é o pior de todos os pecados, que os homossexuais são sujos e devemos manter distância deles. Muito pelo contrário. A mensagem de salvação do cristianismo inclui tanto homossexuais quanto heterossexuais. Todos precisam de salvação. Mas na guerra das ideias, caracterizar o “inimigo” como um monstro é sempre a preferência na falta de bons argumentos.

Posted on Wednesday, May 08, 2013 by Maurilo e Vivian

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