Wednesday, April 10, 2013



Finalmente duas postagens na mesma semana. E olha que essa segunda quase não aconteceu, com a semana corrida. Mas estou feliz que minhas férias estão chegando e talvez eu consiga publica mais.

Eu quero escrever hoje sobre uma prática que tenho visto no meio evangélico, especialmente no meio neo-pentecostal cool, que é definir a importância de um assunto na Bíblia pela quantidade de vezes que uma palavra aparece nas Escrituras. Eu já vi isso um punhado de vezes por aí. Apesar da repetição de um termo ter certa importância (e um apelo retórico) apenas essa repetição não define a importância do termo dentro do contexto geral.
Por exemplo, em um recente texto um pastor-deputado (temos tido vários deles ultimamente) disse que “há mais de dois mil versículos na Bíblia falando sobre o cuidado com os pobres e aproximadamente seis tratando sobre homossexualidade”. A ideia do pastor-deputado (ainda quero escrever sobre essa “novidade”) é que como a Bíblia tem mais textos sobre o cuidado com o pobre, então esse é um assunto muito mais importante e a igreja deveria se focar nisso, não em coisas menores, como o homossexualismo.
Em um primeiro momento isso até pode fazer sentido. Se eu tenho mais versículos falando sobre um assunto do que outro, então esse assunto deve ser mais importante. Certo?
Errado!
Primeiro, a Bíblia não é um livro de versículos soltos, desconexos que pouco se relacionam dentro de um contexto. Existe uma história da redenção do homem, através da obra de Deus que tem começo, meio e fim. O único livro da Bíblia que você pode ler sem se preocupar demais com o contexto é Provérbios e ainda assim não recomendo. E quando um texto é lido dentro de seu contexto, tanto literário quanto histórico, o que define a importância de um tema não é a quantidade de vezes que ele aparece, mas sim em que contexto ele aparece.
Teve um período que eu tentei aprender SEO (otimização para motores de busca) para aumentar o tráfego no blog. Eu não me dei muito bem com isso, apesar de ter dobrado o número de visitas em menos de um mês, mas eu aprendi que parte do que faz o Google dar uma boa coloção para um site em uma busca é a relevância da palavra buscada dentro da página. Por exemplo, pesquise no Google “testemunhas de Jeová Michael Jackson” e você vai ver o nosso blog na primeira página. Alguns anos atrás, estávamos na primeira posição; hoje estamos em nono, mas está bom. Um truque que algumas pessoas usam para tentar enganar os robôs do Google é escrever várias vezes a palavra chave de forma escondida na página, seja no cabeçalho da página que aparece apenas para os robôs seja ao longo da página na mesma cor do fundo da página, o que não aparece para na tela. Mas aí reside a beleza do robô do Google. Ele reconhece não apenas quantas vezes uma palavra aparece no texto, mas também a relevância da palavra dentro do contexto. Como o robô faz isso? Eu não tenho ideia. Se soubesse, provavelmente estaria rico. Mas ele faz isso muito bem.
Portanto, apenas o número de vezes que uma palavra aparece não define a sua importância.
O que nos leva ao segundo ponto problemático dessa abordagem: ela leva a conclusões esdrúxulas.
Eu sou um analista e como bom analista, preciso de dados. Então, resolvi colocar esse método de teologia numérica (termo meu) à prova. Fiz um levantamento das palavras que mais aparecem na Bíblia e correlacionei esse número com o número de palavras totais na Bíblia. Como eu fiz isso em inglês, os valores podem ficar um pouco diferente do português, mas eu acho que é estatisticamente correto (bonito né?).
Em inglês, na versão King James, a Bíblia possui 774.746 palavras, somados Velho e Novo Testamento.
Qual é a palavra que mais aparece na Bíblia? Ao contrário do que muita gente fica pregando por aí, não é amor, mas a palavra “e”. Faz sentido né? Ela aparece 28.364 vezes, ou seja 3,66%. Será que o tema mais importante da Bíblia é a conjunção “e”? Acho que poucos teólogos numerólogos iriam tão longe. E outras palavras mais interessantes? Vamos lá
  • Pobre       197         0.02543%
  • Amor        281         0.03627%
  • Morte       346         0.04466%
  • Santo        544         0.07022%
  • Céu          551         0.07112%
  • Mau          569         0.07344%
  • Criança   1.727     0.22291%
  • Casa       1.840     0.23750%
  • Israel       2.301     0.29700%
  • Deus       4.293     0.55412%

Veja que a importância do amor na Bíblia é de apenas 0,036%. “Casa” é mais importante que “amor”na Bíblia, segundo a teologia numérica. O "pobre", coitado, só importa em 0,025% dos casos.
"Jesus" aparece apenas 942 vezes, ou 0,12%. E eu achando que Jesus era o foco de toda a Bíblia.
Essa abordagem se demonstra claramente falha. O número de vezes que uma palavra aparece na Bíblia, apesar de ser um indicativo, não define de forma alguma a importância dessa palavra ou temo nas Escrituras.
Apenas através do estudo da Bíblia dentro de seu contexto literário e histórico (ou seja, uma boa hermenêutica) podemos descobrir a importância de cada tópico.
Não se deixe enganar com atalhos teológicos. Eles sempre levam a becos perigosos. E confusos.

Posted on Wednesday, April 10, 2013 by Maurilo e Vivian

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Monday, April 08, 2013




Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.
1 João 4:9

Todo mundo fala do amor de Deus. Deus é amor (1 João 4:8) é o versículo mais citado.
Mas o que isso significa? Como podemos entender o amor de Deus por nós?
Por que Deus nos ama?
A maioria das pessoas pensa que Deus as ama porque elas são simplesmente amáveis. E tem gente que prega isso! Se Deus tivesse uma geladeira, ele teria um imã com a sua foto nela!
O mistério para entender o que é o amor de Deus, citado em 1 João 4:8, está no versículo seguinte:

Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.

O amor de Deus se manifestou por nós através do envio do Filho de Deus (Jesus Cristo) por nós, para que pudéssemos viver. Mas por que Deus teve que enviar Jesus?
Primeiro precisamos entender uma verdade bíblica difícil de ser compreendida pelas pessoas nos dias de hoje: nós somos inimigos de Deus. Simples assim.

Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais;
Romanos 1:29-30 (grifo meu)

Todos nós pecamos. TODOS! Não existe ninguém que faça o bem (Salmo 53:1). Se você acha que é uma pessoa boa, então leia A pergunta do milhão de dólares. Caro leitor(a), nem você, nem eu chegamos aos pés dos padrões morais de Deus. Ele não exige nada menos que perfeição. Até os nossos melhores atos de justiça são como trapos imundos (Isa 64:6). Como disse Paulo, somos inimigos de Deus.
E o que merecemos com isso? A própria Bíblia nos diz:

Deus "retribuirá a cada um conforme o seu procedimento".
Romanos 2:6

E qual a merecida retribuição pelos nossos procedimentos?

Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte".
Apocalipse 21:8

Tudo dito, podemos começar a entender melhor o amor de Deus. Foi necessário primeiro apresentar o nosso cenário de partida para que pudéssemos ter uma correta perspectiva do que realmente esse amor significa.

Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
1 João 4:10

Não existe nada de amável em nós, apenas pecado, ingratidão, ódio. E tudo o que merecemos é a ira de Deus. Mas ainda assim Deus nos amou primeiro. Ele fez o primeiro movimento. Ele fez o principal movimento. Ele enviou Jesus Cristo para receber a ira em nosso lugar. Nós pecamos contra Deus. Nós violamos suas leis. Somos como criminosos imundos, que não apenas pecam, mas praticamente não sabem fazer nada além de pecar. Todos estes crimes não poderiam simplesmente ser esquecidos. Imagine um juiz que deixa um criminoso sair impune, apenas porque este juiz é conhecido como amoroso. Não, ele seria um juiz corrupto, que não ama a justiça. Mas imagine um juiz que declara a sentença de forma justa contra o criminoso e, por amor, ele desce da tribuna e recebe sob si mesmo a pena declarada.

Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores.
Romanos 5:8

Esse é o amor de Deus por nós: Ele morreu por nós! E não merecemos isso!
O homem somente poderá entender o amor de Deus quando este estiver em perspectiva com a ira de Deus. Este é o amor divino. Este é o amor revelado nas Escrituras. Este é o verdadeiro amor.

Amor igual a esse, simplesmente não há.

Posted on Monday, April 08, 2013 by Maurilo e Vivian

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