O mundo não leva a nossa fé a sério. Muitos de nós somos ridicularizados porque acreditamos no cristianismo. Isso fica claro até nos comentários que vemos em nosso blog. A sociedade como um todo não olha para a fé cristã e a vê como algo sério, como aquilo que ela realmente é: uma fé evidencialista e histórica. Mas por que? Falta algo em nossa fé? Faltam evidências para que possamos mostrar para o mundo, na verdade, apresentar para o mundo a fé cristã como uma visão de mundo válida e competitiva no mercado de idéias? Como uma visão de mundo válida e positiva que pode orientar a sociedade como um todo para o bem geral? Nada falta em relação à fé em si. O que falta, na verdade, está fora dela. Está em nós.
O mundo não leva a nossa fé a sério. Mas o grande problema, é que a grande maioria de nós também não leva nossa própria fé a sério. Nós somos os primeiros a apresentar para o mundo uma fé irrelevante e que deve ser somente considerada como uma curiosidade sociológica, uma crença esdrúxula de algumas pessoas estranhas, que devem ficar à margem das tomadas de decisões na sociedade. Nós somos os principais culpados de como o mundo nos vê. E eu quero apresentar três atitudes da maioria dos cristãos que fundamentam minhas reclamações (achou que eu ia ficar reclamando seu apresentar fundamentos, não é...).

1 – Abandono da teologia em favor dos sentimentos.
Não temos mais a preocupação com aquilo que acreditamos. O mais importante é como nos sentimos. Se estamos nos sentido bem, só pode ser verdade. Se não estamos, então é falso. A verdade é validada pelos nossos sentimentos. Mas os sentimentos podem ser manipulados e assim toda sorte de ensinos ruins (mas que me fazem sentir bem) invade a igreja. Como o mais importante é eu me sentir bem, em abandono a busca pela verdade. O cristianismo é verdadeiro? Tanto faz. Eu sinto que sim e está bom. Jesus ressuscitou? Pouco importa. Ele ressuscitou em meu coração. Só que quando a situação muda, quando algum desastre acontece, quando meus sentimentos me traem, eu não tenho gravado em meu coração os ensinos das Escrituras, que em momentos difíceis vão informar meus sentimentos e meu intelecto. Teologia importa. Tanto para nos proteger externamente (contra falsos ensinos) quanto internamente (contra nossas dúvidas).

2 – Foco em nós ao invés do foco em Deus.
Quando muitos de nós vamos para a igreja, ou nos reunimos publicamente, o que geralmente pensamos é: como eu posso me beneficiar dessa situação? Como isso pode ser bom pra mim? Muitas vezes não nos expressamos nesses termos, mas na prática é assim que a coisa funciona. Isso se reflete na nossa escolha de qual igreja freqüentar, muitas vezes baseado muito mais em nosso gosto pessoal do que em padrões bíblicos de escolha (ensino da palavra, ortodoxia, etc). Além disso, nós nos relacionamos com Deus como se o principal objetivo dessa relação fosse a nossa felicidade, ao invés da glória de Deus. Existe a busca pela vontade de Deus, como se fosse algo escondido. Aquele que encontrar a vontade escondida de Deus, terá felicidade nesse mundo. Aquele que não a encontrar, terá sua passagem por essa terra como por um vale de lágrimas. Enquanto isso, ignoramos e somos incapazes de cumprir a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Queremos descobrir a vontade secreta de Deus, enquanto ignoramos a vontade revelada de Deus.

3 – A enorme lacuna entre o que acreditamos e como agimos.
Em uma única palavra: hipocrisia. Infelizmente, agimos como hipócritas quando a oportunidade bate a nossa porta. O cristão deve agir com o mais alto padrão moral. Nós somos filhos de um Deus justo e devemos representar nesse mundo essa mesma justiça. Devemos ser honestos, trabalhadores, justos e misericordiosos. Mas quantos vezes não somos vistos (porque assim agimos) como desonestos, preguiçosos, injustos e gananciosos. Afirmamos uma coisa, agimos de outra maneira. O mundo vê essa hipocrisia e nos rotula a todos dessa maneira.

Isso vai se resolver em breve? Não. Mas eu gostaria de sugerir uma mudança de atitude, além das apontadas acima. Se a igreja se mostrasse mais como ela realmente é, uma assembléia de pecadores imundos, que foram salvos não porque são bons, mas por causa de um Deus bom, pessoas que não merecem nada a não ser a ira de Deus, alguns eram adúlteros, outros ladrões, outros mentirosos, outros pornógrafos, outros orgulhosos e por ai vai. Mas todos, todos pecadores imundos. Em sua graça maravilhosa, Deus nos salvou. Sem nada de bom em nós, sem nenhum merecimento, sem nada que pudesse ser usado a nosso favor, Deus nos salvou. Se nos lembrássemos disso todos os dias e se fosse essa a imagem que o mundo percebesse, as coisas seriam diferentes. Pelo menos, o mundo poderia nos desprezar pelo mesmos motivos que desprezou Jesus e não pelos novos motivos que nós criamos. Precisamos nos levar a sério.
Por último, esse texto serve como alerta para mim também. Todos devemos ficar atentos para nossas ações e escrever esse texto é um pouco de mea culpa. Espero que você também receba esse texto nesse mesmo espírito.

“Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
E tais fostes alguns de vós; mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”. 1 Coríntios 6:9-11

“Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. Mateus 5:13-16