Estava assistindo ao finalzinho de Matrix Revolution agora a pouco e uma das últimas cenas me chamou a atenção. É uma fala do Agente Smith para Neo. Leia a transcrição abaixo, o link para o vídeo em inglês está aqui (não achei em português, nem legendado e o YouTube não permite postar esse vídeo).

Agente Smith: Por que, Sr Anderson, por que? Por que, por que você faz isso? Por que, por que se levantar? Por que continuar lutando? Você acredita que está lutando por algo, algo mais que sua sobrevivência? Você pode me dizer o que é, por acaso você sabe? É liberdade ou verdade, talvez paz – poderia ser amor? Ilusões, Sr. Anderson, caprichos da percepção. Construtos temporários de um intelecto humano débil tentando desesperadamente justificar uma existência sem significados ou propósitos. E todos eles tão artificiais quanto a própria Matrix. Embora somente a mente humana poderia inventar alto tão insípido quanto amor. Você deve conseguir ver isso agora, Sr. Anderson, você deve saber agora. Você não pode vencer, continuar lutando é sem sentido. Por que Sr. Anderson, por que, por que você persiste?

A fala me deixou pensando que esse é exatamente uma caracterização que um ateu tem do mundo. Na falta de um Criador que nos dê um significado transcendente para o universo, nada faz sentido. Não adianta. Sem significado. Tudo ilusão. Qualquer sentido ou significado que venha ser dado é uma débil tentativa de justificar nossa existência sem sentido. A única diferença entre o Agente Smith e o ateu é que este último nem mesmo acredita que o mundo onde ele está é real, enquanto para o ateu, somente o mundo que ele consegue perceber pelos cinco sentidos é real. Ambos, de sua forma particular, limitam sua percepção.

Qual é a resposta de Neo à profunda inquisição ateísta do Agente Smith?
Neo: Porque eu escolhi fazê-lo.

Vontade. Outra ilusão da mente humana, se o nosso mundo for apenas uma colisão de partículas sem o menor sentido, apenas mais uma determinação das leis da física. Mas é exatamente pela vontade, pelo desejo de um Criador que estamos aqui, além e anterior a todo o universo.

Quem disse que cultura popular não pode ser base para apologética?