Semana corrida e de poucos posts. Mas vamos lá. Apenas alguns pensamentos...
Um dos argumentos mais comuns em favor do aborto é que negar a uma mulher o direito de abortar é negar a ela um direito a sua saúde reprodutiva. Seria como colocar a mulher sob um julgo no qual ela não tem direito de tomar decisões relativas a sua saúde. Algo assim.
Mas qual a validade desse argumento? Esse argumento seria muito válido se estivéssemos realmente falando sobre algo relativo à saúde da mulher. Se estivéssemos falando sobre o corpo da mulher em si, seríamos os primeiros a lutar por esse direito. Mas a grande questão é: aquilo que estamos tentando extirpar da mulher é parte de seu próprio corpo ou algo diferente? Seria esse objeto o mesmo que uma unha (como um ateu tentou defender aqui. Mas quando a unha foi usada contra ele, abandonou o argumento rapidinho...), ou seria um novo ser, com código genético próprio pertencente à raça humana? E se esse ser é parte da raça humana, quais justificativas teríamos para matá-lo?
Além dos mais, se negar o aborto é negar um direito reprodutivo à mulher, por que nos limitar somente aos fetos? Por que não permitimos que uma mãe elimine seu bebê de 5 meses, se ela chegar a conclusão que essa criança está atrapalhando seus melhores interesses em relação à sua saúde reprodutiva? Todos os argumentos em defesa do aborto podem ser igualmente usados em defesa do infanticídio. A maior diferença entre o feto e o bebê é o nível de desenvolvimento. Mas ambos são o mesmo ser desde a concepção.
Um médico semana passada que estava sendo entrevistado pela Marília Gabriela disse que aborto era uma questão de saúde pública e deveria ser discutida dessa forma. Eu discordo do médico (apesar de ser um ótimo cirurgião. Eu o conheço pessoalmente e foi ele quem operou os meus olhos e os da Vivian), pois quando ele diz que aborto é uma questão de saúde pública, ela já definiu que não é uma questão ética e que o feto não é humano. Quando dizem que aborto é uma questão de saúde pública, estão se referindo à saúde da mulher, nunca do feto. Mas ninguém diria que infanticídio é uma questão de saúde pública. E aborto é a mesma coisa que infanticídio praticado dentro do útero. E muitos querem que isso seja feito com aprovação e dinheiro públicos.
Não devemos permitir que aconteça um desvio sobre o assunto principal nessa discussão: o que é o feto? Enquanto não tivermos bem definido o que ele é, não podemos avançar na discussão sobre poder matá-lo ou não. Não deixemos que esse debate perca seu foco.