Eu costumo dizer que tive duas primeiras vezes no evangelismo: uma quando eu me converti e comecei a fazer o que todo mundo chama de evangelismo e a outra, muitos anos depois, quando eu descobri o evangelismo bíblico. Duas experiências bem diferentes uma da outra.
A primeira vez que saí para fazer evangelismo como cristão foi alguns meses depois de ter me convertido ao cristianismo. A igreja que eu freqüentava fazia um tradicional evangelismo todo dia 2 de Novembro. Na verdade, era o único dia que eles saiam para evangelizar como igreja, o que já é mais do que se pode dizer de muitas igrejas. Não havia nenhuma pressão que os membros participassem, mas como eu vinha de um passado como Testemunha de Jeová, a idéia de sair para a rua e abordar pessoas não me parecia tão assustadora.


No dia do evangelismo, nos reunimos em um salão da igreja, recebemos um punhado de folhetos cada um, fomos divididos em duplas, oramos e saímos para o evangelismo.
Eu achava que teria algum tipo de treinamento para isso, como é comum entre as Testemunhas de Jeová antes de sair para as ruas. Mas isso não aconteceu. Talvez para sanar esse problema, me colocaram com um irmão mais velho para evangelizar, mas ele não parecia também saber muito bem o que fazer. Mas fomos lá.
Escolhemos uma rua e íamos batendo de porta em porta (isso eu sabia fazer), dávamos um bom dia (o que eu também sabia fazer), dizíamos que Jesus os amava e entregávamos um folheto e convidávamos a pessoa a nos visitar na igreja. O endereço estava na parte de atrás do folheto. Algumas pessoas agradeciam, outras simplesmente ignoravam e um ou outro puxava uma conversa. Foi ali pela primeira vez que eu me lembro de ter ouvido os clássico chavões do evangelismo moderno “Jesus te ama e tem um plano maravilhoso para você”. “Venha para Jesus para ser feliz”. “Ele vai mudar sua vida” e coisas do tipo. Daquele momento em diante, eu passei a achar que esse era o jeito de fazer evangelismo. Tentar mostrar o cristianismo como algo positivo para que a pessoa tenha algum interesse e venha a “aceitar Jesus em seu coração”. Essa impressão continuou por muitos anos, como tenho certeza que continua com muitos.
Mesmo depois de trabalhar com missões em grandes agencias missionárias, como Jocum e Cruzada Estudantil, ainda assim, no final das contas, esse era para mim o único jeito de fazer evangelismo. Mesmo com as quatro leis espirituais da Cruzada, o evangelismo parecia para mim mais como uma arte de convencimento do que qualquer outra coisa.
Eu me lembro uma vez, durante um evangelismo em uma cidade ribeirinha no Amapá e cansado depois de ter montado uma tenda de circo (e me recuperado de uma febre da amazônia que ninguém sabia o que era), eu estava evangelizando três rapazes e cheguei em um momento que não sabia bem o que dizer para eles. Eles só balançavam a cabeça, achavam tudo legal, mas eu me sentia inapto em mostrar o porque eles deveriam realmente vir para o cristianismo. O que faltava? Ainda assim, eu os guiei em uma oração do pecador. Nunca mais vi os rapazes. Não sei se algum fruto saiu dali. Bom, isso é com Deus.
Muito anos (e muito evangelismo) depois eu descobri o chamado evangelismo bíblico. Na verdade, a primeira vez que alguém falou comigo sobre isso foi também no Amapá. Me disseram que tinha um pessoal de um ministério saindo para evangelizar e eles perguntavam para as pessoas nas ruas se elas já tinham mentido, roubado, adulterado, etc. Aquilo me pareceu estranho e bizarro porque, no evangelismo, o que a gente mais quer é que a pessoa vá com a nossa cara, não que fique com raiva da gente. Eu vi alguns vídeos, e fiquei de pesquisar mais depois. Mas Deus, em sua grande soberania, já estava preparando o caminho.
Algum tempo depois, a Vivian comprou um Bíblia chamada “Evangelismo em Ação”. Na verdade, ela acabou comprando duas (ela fazia muito isso quando gostava de um livro) e para minha surpresa, o editor dessa Bíblia é Ray Comfort, do mesmo ministério de evangelismo estranho que eu tinha visto os vídeos.
Começamos então uma profunda pesquisa sobre o que eles faziam e descobrimos que eles chamavam isso de Evangelismo Bíblico. Essa pesquisa durou meses e no envolveu em um árduo estudo das doutrinas cristãs e da Bíblia. Tudo isso causou grande transformações em nós e chegamos a uma conclusão: essa é a maneira bíblica de evangelizar, assim como foi feita por toda a história da igreja.
Tudo feito, tinha apenas um detalhe faltando: precisávamos ir para a prática. Na teoria era simples, eu arrumaria um pecador, faria algumas perguntas e compartilharia o evangelho com ele. A questão era: quem?
Resolvi fazer isso com um rapaz do trabalho. Já que saíamos muito tarde do trabalho, a empresa disponibilizava um ônibus que nos levava para a casa. Eu era o penúltimo a descer e o rapaz o último. Portanto, quando a pessoa que descia antes de mim deixou o ônibus, eu virei para o rapaz (acho que ele se chamava Léo) e falei “posso te fazer uma pergunta”? Ele disse “claro”. E aí comecei com a nossa clássica pergunta “você se considera uma pessoa boa” e a conversa seguiu. Falamos sobre a Lei, sobre céu, inferno, outras religiões, Jesus Cristo, Bíblia e outras coisas. Foi uma conversa bastante agradável e, diferentemente do que eu esperava, o rapaz se mostrou bastante interessado. Ele tinha muitas perguntas que eu não sabia responder, mas nenhum delas foi um impedimento para que a mensagem fosse apresentada.
Esse evangelismo foi o mais difícil de todos, eu acho. Depois se tornou mais fácil, até o ponto que eu já tinha praticamente compartilhado o evangelho dessa maneira com todos que voltavam comigo no ônibus. E ninguém ficou irritado comigo porque esse evangelismo sempre parecia mais um conversa do que simplesmente uma pregação, uma imposição das minhas crenças. Além do mais, eu tinha aprendido que quem converte é o Espírito Santo (João 16:8), não meu poder de convencimento. Eu tinha que ser fiel na pregação da palavra de Deus. Deus era responsável pela conversão. Isso tirou um peso enorme das nossas costas. Teologia é importante no evangelismo.
No mesmo ano, fomos para a Parada Gay evangelizar as pessoas com os princípios bíblicos que tínhamos aprendido. Foi muito bom. Falamos com várias pessoa, todas estavam abertas e tivemos conversas maravilhosas. Todas prometeram pensar a fundo sobre o que foi falado e eu tenho certeza que Deus foi glorificado naquele dia. Você pode ver o vídeo do evangelismo (em uma filmagem um pouco ruim, com o equipamento que tínhamos na época) no link abaixo.


Evangelismo sempre tem uma primeira vez. Eu tive duas.
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