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Leia a reportagem a seguir.

'Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?', diz Cabral
Governador do Rio volta a defender a legalização do aborto e critica a falta de discussão no País
“SÃO PAULO - O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), criticou nesta terça-feira, 14, a lei do aborto no Brasil. Em São Paulo, ele defendeu a legalização da prática. "Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?", indagou, ao comentar que as clínicas ilegais são comuns no País.
Cabral também criticou a falta de discussão sobre o tema. "Há uma hipocrisia no Brasil. Esse tema foi muito mal discutido na campanha eleitoral. As pessoas já conhecem minha opinião. Acho que primeiro que a mulher tem que ser muito ouvida", afirmou.
Segundo o governador, a discussão deve ser feita "entre a classe médica e as mulheres". "Assim (do jeito que é hoje) está falso, mentiroso, hipócrita. Isso é uma vergonha para o Brasil."
O govenador ainda destacou que o poder público "tem que estar preparado para atender a mulher". "Ninguém é a favor do aborto, você é a favor do direito da mulher a recorrer no serviço público de saúde à interrupção de uma gravidez."
As declarações foram feitas em entrevista à imprensa após um evento da Revista Exame, na Editora Abril. Não foi a primeira vez que o governador carioca se posicionou a favor do aborto. Em 2007, ele defendeu a prática como método de redução da violência no Rio.”

Fonte: Estadao

Sérgio Cabral tenta fazer uma defesa pela aborto (ou interrupção de uma gravidez, como querem alguns), utilizando um tipo de raciocínio bem estranho. A idéia é a seguinte: já que todo mundo faz, então vamos legalizar. Cabral deve acreditar na vontade da maioria como padrão moral. Se todo mundo (ou a grande maioria) achar aceitável, então, o ato é moral. Se a maioria não quiser, ou não fizer, então, o ato é imoral. A sociedade dita o que é moral. Se isso for verdade, então a Alemanha nazista jamais poderia ser considerada imoral porque possuía aceitação da maioria da população. Assim como o escravismo, que durante séculos sempre foi considerado aceitável pela maioria. Como poderíamos dizer que algo é imoral?
Podemos dizer que a condenação ao apedrejamento da iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani é imoral? E se a maioria da população for a favor?
Uma forma de saber se um pensamento é válido ou não, é utilizá-lo em outras situações semelhantes e ver se faz sentido. Vamos pensar a situação “de quem aqui não fez... então, vamos legalizar” do governador.
“Quem aqui nunca roubou alguma coisa, mesmo que seja algo pequeno?” A maioria (se não todos) já cometeu algum pequeno furto, por menor que fosse. Baixar música ilegal da internet é roubo. Pegar algo que não é seu sem pedir permissão, é roubo. Se a maioria das pessoas já fez isso, não deveríamos então legalizar o furto? Para longe com o artigo 155 do Código Penal Brasileiro.
Não faz sentido. Poderíamos extrapolar esse pensamento para outras questões morais, como adultério, mentira e tantos outros. Mas por que ficar somente nas intenções? E os pensamentos? Quem nunca quis matar alguém? Deveríamos legalizar o assassinato? Acho que aqui cheguei mais perto das conseqüências do governador, apensar de achar que ele não percebeu esse ponto.
A primeira e importante questão é: avaliar questões morais pelo paradigma de Cabral torna todo o processo de legislação e moralidade simplesmente impossível. Levado às últimas conseqüências, todos os criminosos de guerra deveriam ser soltos se eles possuíam aprovação de sua população. E isso inclui os nazistas.
Além desse raciocínio falacioso, o discurso do governador tem o foco errado nessa discussão toda. Ele acredita que é uma questão de direito da mulher. Seria, se o objeto do aborto não fosse um outro ser humano inocente. O que é abortado da mulher não é alguma parte da própria mulher. Se fosse, não haveria discussão. Vá e aborte. Na verdade, o nome não seria aborto, mas sim amputação ou mesmo auto-mutilação. Ela estaria extirpando uma parte do corpo. Mas não é o caso. Aquilo que a mulher elimina no aborto é o corpo de outro ser humano, um ser humano que esta sobre seus cuidados, um ser humano inocente que não tem como se defender. Por isso o aborto é um dos mas cruéis e covarde dos crimes.
Essa discussão deve incluir não somente os médicos e as mulheres, mas toda a população. Se existe a possibilidade de uma ação governamental legalizar a morte de seres humanos inocentes e indefesos, todos devemos tomar parte nisso.
A reportagem termina dizendo que o governador “em 2007, ele defendeu a prática como método de redução da violência no Rio”. A idéia por trás dessa crença é que se menos crianças indesejadas nascerem, teremos menos pessoas envolvidas em crimes.
Esse pensamento é estranho porque ele parte de um pressuposto que acredito que não possui comprovação: a idéia que todo bandido foi uma criança indesejada. Ou que somente criança indesejadas viram bandidas. Esse pensamento ignora cobiça como uma motivação para os crimes, além de outras questões sociais que estão envolvidas. É uma simplificação do problema.
Mas o pior dessa simplificação é que ela quer tratar um problema causando um problema maior ainda. Existe justificativa para se matar alguém simplesmente porque ela pode vir a cometer um crime? Se a resposta for sim, não devemos simplesmente nos limitar a abortar as crianças indesejadas no útero, mas também aquelas que já nasceram. Estas são tão seres humanos quanto as anteriores. Talvez até seja melhor escolher esse segundo grupo, pois vários sinais de uma possível vida criminal podem estar evidentes.
Se a resposta for não, então essa maneira de reduzir a violência é inválida e imoral. Além de não passar de um “chute”. Imagine descobrir depois de muitos anos (e milhares de fetos mortos) que estávamos errados e que os índices de violência não caíram? Vamos pagar esse preço?
Tudo isso se soma ao fato principal, que já destaquei: o feto é um ser humano inocente distinto de sua mãe. Diferente de uma unha (como tentou argumentar um amigo ateu), o feto se deixado para seguir seu curso natural dará origem a uma criança, que deixado para seguir seu curso natural dará origem a um adulto. Um único ser humano, mas com diferentes estágios de desenvolvimento. Mas tudo aquilo que faz o adulto um ser humano, está presente no feto. Ele é intrinsecamente humano. Nada muda isso.
Espero que o governador Sérgio Cabral passe a abordar o aborto de uma forma mais serena e reflita sobre o ponto mais importante da discussão: o que é o feto? Como já disse várias vezes aqui, se o feto não é um ser humano inocente, nenhuma justificativa precisa ser dada para o aborto. No entanto, o feto é um ser humano inocente no final das contas, nenhuma justificativa é forte o bastante para validar essa morte.
Esse raciocínio precisa chegar até nosso legisladores. Precisa chegar até nossa população.
Divulgue.