Agora acredito que o universo foi criado por uma Inteligência infinita. Acredito que as intrincadas leis deste universo manifes­tam o que os cientistas têm chamado de a Mente de Deus. Acredito que a vida e a reprodução têm sua origem em uma Fonte divina.
Por que acredito nisso, se ensinei e defendi o ateísmo por mais de meio século? A resposta é curta: esse é o retra­to do mundo, como eu o vejo, e que emergiu da ciência moderna. A ciência mostra três dimensões da natureza que apontam para Deus. A primeira é o fato de que a natureza obedece a leis. A segunda é a dimensão da vida, de seres movidos por propósitos e inteligentemente organizados que surgiram da matéria. A terceira é a própria existên­cia da natureza. Mas não é apenas a ciência que tem me guiado. O fato de eu ter retomado o estudo dos argu­mentos filosóficos clássicos também tem me ajudado.
Não foi nenhum novo fenômeno ou argumento que me motivou a abandonar o ateísmo. Nessas últimas duas décadas, toda minha estrutura de pensamento tem per­manecido em estado de migração, e isso foi conseqüên­cia de uma contínua avaliação das manifestações da na­tureza. Quando finalmente cheguei a reconhecer a existência de um Deus, isso não foi uma mudança de pa­radigma, porque meu paradigma permanece aquele que Platão escreveu em A República, atribuindo-o a Sócrates: "Devemos seguir o argumento até onde ele nos levar".

Antony Flew, Deus Existe.