O Cristianismo provado pela natureza da nação judaica por Anthony Horvath

(Áudio MP3 aqui em breve)

Muita tinta já foi gasta na defesa da historicidade da ressurreição de Jesus, e eu já gastei meu quinhão. Da mesma forma, a estonteante explosão da Igreja Cristã no Império Romano se levantou como um fenômeno que exige explicação e um homem morto ressuscitado dos mortos é a melhor. Estes esforços são válidos, mas seu peso não pode ser apreciado sem primeiro conhecer o contexto por trás dos argumentos. Temos de compreender o povo judeu, sua história e religião.

Esse entendimento injeta combustível em outros argumentos para o Cristianismo, um dos quais foi apresentado por C. S. Lewis, que disse:
"[Poderia-se dizer de uma abordagem para explicar a ascensão do cristianismo] é que Seus seguidores exageraram a história, e assim a lenda de que Ele lhes havia dito aquelas coisas cresceu. Isso é difícil porque Seus seguidores eram todos judeus, ou seja, pertenciam a nação que, de todas as outras, estava mais convencida de que só havia um Deus que não poderia haver outro. É muito estranho que essa terrível invenção sobre um líder religioso cresceu entre o povo em toda a terra menos propenso a cometer esse erro. Pelo contrário, temos a impressão de que nenhum de seus seguidores imediatos, ou mesmo os escritores do Novo Testamento, abraçaram a doutrina facilmente." "O que devemos fazer de Jesus Cristo", um ensaio encontrado em God in the Dock.

Podemos imaginar que a afirmação de um Deus-Homem seria natural se ela surgisse em território hindu, onde os avatares são aos montes. É uma outra coisa, se a afirmação surge entre os judeus, um povo que era ferozmente monoteísta. No entanto, é mais surpreendente do que isso: a afirmação não só surgiu entre os judeus, mas seus primeiros partidários eram judeus, e espalhou-se primeiro nas comunidades judaicas de todo o Império Romano e só depois para os gentios.

Dizer que os seguidores de Jesus não abraçaram a doutrina facilmente é um eufemismo, o simples fato de que eles abraçaram essa afirmação é uma realidade histórica que desafia a credulidade.

(Considere a sabedoria, se você é Deus, em encarnar em tal cenário, se você quer que as pessoas aceitam as suas credenciais. É fácil provar o seu caso entre amigos. Não tanto entre os seus inimigos. Imagine agora quando amigos e inimigos constituem um público hostil!)

Dado o ceticismo do Novo Testamento, é interessante notar que todos os ingredientes importantes para este argumento podem ser gerados a partir de documentos fora dele. Filo, Josefo, Tácito e outros, todos corroboram quão ferozmente monoteísta era o povo judeu. E quando dizemos, 'feroz', nós realmente queremos dizer isso.

Costuma-se argumentar que os cristãos adulteraram Josefo e outros escritores antigos. Após uma análise do que esses documentos nos dizem sobre a Judéia do primeiro século, aprendemos que ela estava cheio de um nacionalismo em brasas, intensos atritos por causa da opressão romana, agitação devido a antecipação de um rei-Messias, devoção total a pureza religiosa, devoção suprema ao templo e a eventual destruição do povo judeu pelos romanos por a sua insubordinação. Podemos abrir mão de qualquer noção que os antigos cristãos se rebaixaram mesmo ao ponto de fabricar estes aspectos do registro histórico?

Sendo assim, vamos considerar um exemplo de Flávio Josefo, o relato de Pôncio Pilatos e as Normas (Guerra 2,169-174, Antiguidades 18,55-59). Neste caso, Pilatos, a coberto na escuridão, colocou efígies de César em Jerusalém. Os judeus correram para a Cesaréia perante o horror de ter qualquer tipo de imagem presente em sua cidade. Pilatos rejeitou o clamor deles e quando os judeus não se dispersaram, ele os cercou e "deu um sinal para os soldados contê-los... e os ameaçou dizendo que a punição não seria menos do que a morte imediata, a menos que eles deixassem de perturbá-lo e fossem embora para suas casas. Mas eles se jogaram no chão, colocaram seus pescoços a descobertos e disseram que receberiam essa morte de bom grado..." Pilatos cedeu diante desse fanatismo.

Numerosos relatos também são dados sobre auto-proclamados messias em Israel durante este período. Já que “messias” se refere a um "ungido", ou um Rei Judeu, os romanos estavam naturalmente inclinados a esmagar essas pessoas rapidamente. O nacionalismo violento de Israel acabaria por levar à rebelião aberta, provocando uma invasão romana no c. 70 d. C, que destruiu Jerusalém e dizimou o templo.

Em face da aversão judaica às imagens de escultura, idolatria e blasfêmia contra Deus, veio um homem que afirmou ser Deus: a blasfêmia final. Jesus era judeu e todos os seus discípulos e seguidores e inimigos eram judeus. Além disso, no meio deste povo ferozmente nacionalista, surgiu uma grande massa de mulheres que disseram, juntamente com seu fundador, "Seu reino não é deste mundo".

Hoje, poucos sabem os nomes de qualquer uma das dezenas, senão centenas, de “messias” guerreiros que tentaram estabelecer um reino judaico. O único que é lembrado, em desafio ao seu tempo, clamava por um reino espiritual. Ele foi crucificado como outros messias foram, mas não foi esquecido como eles foram. Talvez seja porque esse messias não permaneceu morto?

O que aconteceria em Teerã, Cairo, ou Riade com um homem que alegasse que ele era, de fato, Alá? O próprio Mahdi teria de fazer algumas coisas bastante notáveis para convencer seus concidadãos muçulmanos – ao milhares – de que ele era, na realidade, Deus encarnado! Não podemos deixar de notar uma coisa dessas. A palestina do século 1 apresentava um cenário semelhante.

Estes abacaxis históricos precisam ser descascados: como é que o povo judeu de todos os povos deu súbita e rapidamente luz a uma religião como o cristianismo? Como este culto judaico conseguiu finalmente conquistar Roma, antes que os bárbaros o fizessem? Estas questões se levantam, mesmo se você excluir o Novo Testamento como fonte. Integridade e curiosidade parece exigir uma explicação que satisfaça todos os fatos.

O Novo Testamento fornece uma explicação. Se você não gosta, qual é a sua?