Um dos blogs que eu sempre acompanho é o Genizah Virtual. Sempre leio artigos que são no mínimo interessantes e abrem espaço para algum diálogo. São vários autores e nem sempre eu concordo com as suas opiniões.
Foi o caso com o artigo a seguir. Ao terminar de lê-lo, tive um ímpeto imediato de resposta. Via de regra, não respondo aos artigos que não concordo porque sempre me falta tempo para desenvolver o argumento e eu não gosto de abordar qualquer assunto de uma forma muito superficial.
Mas nesse caso foi um pouco diferente. E acho que minha participação para o diálogo trouxe um ponto um pouco diferente do que todos estão abordando.
Abaixo estou postando o texto do Hermes e abaixo minha resposta a ele.

Silas e o Circo de Horrores do Ratinho
Hermes C. Fernandes
Assisti pelo Youtube à atuação do Pr. Silas Malafaia no programa do Ratinho recentemente. Como ele mesmo confessou, seu estilo é bem parecido com o do apresentador. Poderíamos até dizer que Silas é uma espécie de Ratinho Gospel.Não tem papa na língua e gosta de ver o circo pegar fogo.
O que achei? Sinceramente? Um desserviço à causa.
Primeiro: ali não era o lugar para se debater com seriedade um assunto tão complexo. A produção do Ratinho certamente escolheu Silas por saber de seu temperamento, ingrediente indispensável para um circo de horrores como o promovido pelo programa. Achei-o deselegante com sua oponente. Já tive a oportunidade de debater com ele várias vezes em duas emissoras no Rio de Janeiro. Ele não consegue se calar nem no intervalo. Sua fama foi construída em cima disso.
Apesar de polêmico (mais por seu temperamento do que por suas posições), Silas é extremamente conservador, e não consegue manter um diálogo em alto nível. Mas infelizmente é isso que o povão gosta.
Não consigo imaginar Jesus Se prestando a um papel desses. Jesus nunca bateu boca com ninguém. E Ele jamais participaria de uma campanha contra o direito de quem quer que fosse. O tipo de posicionamento defendido por Silas só faz aumentar o abismo entre a igreja evangélica e os homossexuais. Que vantagem há nisso? Como poderemos evangelizar um grupo contra o qual nos manifestamos? Em vez disso, deveríamos estar defendendo seus direitos, angariando sua simpatia e confiança, e assim, revelando-lhes o amor transformador do nosso Deus. Sem imposições, sem histeria, sem mania de perseguição, mas com mãos estendidas em vez de dedo à riste.
Quem, afinal, teria ganho aquele debate? É claro que a maioria do povo evangélico vai dizer que foi Slias. Mas sabe quem perdeu? Todos nós. Silas tornou-se numa referência caricata da igreja brasileira.
E o pior de tudo é que por trás de toda esta vociferação contra a PL 122 há uma não confessável intenção política. Os políticos evangélicos (que até agora não mostraram a que vieram!) precisam garantir a próxima eleição. Nada melhor do que tocar terror no povo, usando o tal projeto de lei como o carro abre-alas.
Essa estória de que as igrejas serão obrigadas a casar gays é conversa fiada. O mesmo projeto de lei é contrário a qualquer tipo de discriminação religiosa. Pode-se "condenar" a pobreza sem com isso discriminar o pobre. Pode-se "condenar" o alcoolismo sem discriminar o alcoólico. O mesmo se aplica aos homossexuais. Se um determinado credo reprova o comportamento homossexual, não quer dizer que seus seguidores discriminem homossexuais.
Que vergonha... deveríamos estar do lado deles, condenando a homofobia, e assim, escancarando a porta para que tivéssemos acesso aos seus corações. Em vez disso, colocamo-nos ao lado de seus algozes. A igreja cristã que produziu homens como Martin Luther King, Jr. que defendeu com o preço de sua própria vida os direitos civis, agora produz homens intolerantes que almejam, em nome de um projeto político, conduzir a igreja de volta à idade das trevas. Foi este tipo de posicionamento intolerante que provocou a morte das bruxas de Salém, a Inquisição, o Apartheid.
Infelizmente, nosso povo tem memória curta. Semanas atrás, todos repudiavam a teologia da prosperidade pregada por Silas ao lado de seu mentor Morris Cerullo. Agora, por uma causa com motivações duvidosas, Silas voltou a ser quase unanimidade entre os evangélicos.
Espero que o povo de bom-senso acorde para isso, reveja seus conceitos, e se posicione contrário a qualquer tipo de manipulação.

Minha resposta.
Vou começar pela parte que eu concordo depois vou para a parte que eu discordo.
Eu não assisti ao vídeo do Silas, mas existe realmente uma grande chance que ele realmente tenha feito um desserviço ao cristianismo, o que no final das contas não seria uma novidade vindo dele. Eu já vi alguns de seus debates e ele realmente apresenta mais um show do que um caso. Normalmente em um debate é sempre bom buscar a cortesia junto ao seu oponente, especialmente se você está com a verdade. Infelizmente, como é tão comum em vários debates, não importa o assunto, para o povo o ganhador é sempre quem tem a melhor retórica, não quem tem o melhor argumento.
Dito isso, eu acredito que como cristãos devemos nos opor sim a uma legislação que venha a legalizar o casamento homossexual. Isso não quer dizer que queremos com isso negar qualquer direito a qualquer cidadão, qualquer que seja sua orientação sexual, por um motivo muito simples. Não vejo a causa homossexual como uma questão de direito. Não consigo entender qual direito está sendo negado aos homossexuais. Eles podem casar-se com qualquer um que quiserem, desde que esse um seja do sexo oposto. Esse é o mesmo direito que eu tenho. Casar-se com alguém do mesmo sexo não é somente negado aos homossexuais mas para qualquer um. Eu não posso me casar com alguém do mesmo sexo. O mesmo direito é para todos. O que os homossexuais buscam é um direito além daquele que é estendido para todos. Se fosse uma questão de direitos, eles desejariam um direito a mais além daquele que qualquer cidadão quer. Mas não é essa a questão.
Pelo o que vejo, os homossexuais não buscam realmente um direito porque no final das contas, na prática, eles podem muito bem viver juntos. A lei não proíbe o homossexualismo. Eles são livres para viver com quem quiser. O que realmente me parece ser o objetivo do movimento homossexual é a busca de uma aceitação e aprovação por parte da sociedade de uma questão moral. Eles desejam que nós como sociedade (seja por escolha seja por força da lei) entreguemos um endosso para seu estilo de vida. Não acho que cabe à lei endossar estilos de vida. O que acredito que a lei deve fazer é assegurar o núcleo básico da sociedade, que permite a continuação dos povos e da sociedade. E essa forma é o casamento entre um homem e uma mulher.
Se formos endossar todos os estilos de vida e formas de expressar sexualidade, em breve teremos aqueles que querem se casar com múltiplos parceiros, depois os que querem se casar com crianças, ou os que querem se casar com animais e assim vai. Todos vão buscar legitimidade na lei de suas opções sexuais.
Também não é possível para o cristão comparar a empreitada homossexual com a luta pelos direitos civis dos anos 60 nos Estados Unidos. Enquanto o ser negro ou ser branco é algo intrínseco (com exceção do Michael Jackson), a opção sexual é uma coisa extrínseca. Um é uma questão de ser, a outra, uma questão de comportamento. Enquanto as Escrituras dizem que os negros foram criados à imagem e semelhança de Deus, ela nos diz que o homossexualismo é pecado.
Isso não é homofobia. Quando eu vejo um homossexual eu não sofro de sudorese, tremedeira, imobilidade, os quais são sinais de uma fobia. Na verdade, não conheço ninguém que sofra disso. Nós amamos os homossexuais, assim como amamos os mentirosos, ladrões, adúlteros e tantos outros, até porque assim eramos muitos de nós. O que fazemos é apresentar para eles a salvação que se encontra em Jesus Cristo. Cabe a eles responder em fé e arrependimento, assim como nós o fizemos.
Não vejo porque um homossexual deva ser tratado de forma diferente da que devemos tratar qualquer outro pecador. Pois todos nós o somos.
Eu sei que tem gente que não vai gostar de nada disso, mas ainda assim quero terminar com um abraço para todos.
Maurilo