Elas deram pra traz. Elas se retiraram. Elas fugiram. Você também vai fazer isso?
Quando mencionei a divindade de Cristo, a pessoa na sombra falou pela primeira vez. Eu não estava preparado para o que ela disse...

Por: Gregory Koukl

Era meados da manhã de terça-feira e eu estava estudando quando ouvi uma batida na minha porta. Quando eu a abri, duas mulheres de meia-idade sorriram agradavelmente para mim, com um pacote de literatura apocalíptica nas mãos. Será que vou querer ver esse material?
Mencionei que havia duas, mas apenas a uma estava à frente – aquela que havia batido na porta - estava falando. A segunda ficou discretamente atrás, observando. Testemunhas de Jeová saem em pares, uma testemunha experiente e um novo discípulo. O neófito faz o contacto inicial, enquanto o mentor aguarda protegendo-o ao fundo, pronto para uma manobra lateral caso a seu jovem cadete entre em apuros.
Eu sabia que tinha muito pouco tempo para causar um impacto. Em primeiro lugar, eu estava preparando uma palestra e estava correndo contra o relógio. Ainda assim, eu não queria mandar os meus visitantes embora de mãos vazias. Em segundo lugar, os que vão de porta em porta, normalmente têm pouco tempo para quem é biblicamente informado. Uma vez que eu mostrasse o que tinha em mãos eu sabia que iriam desaparecer rapidamente, procurando por um alvo mais fácil.
Eu rapidamente juntei meus pensamentos e montei uma resposta.
“Eu sou um pastor cristão", disse, dirigindo os meus comentários para o convertido mais jovem, o menos influenciado pela Associação Torre de Vigia e mais aberto a um outro ponto de vista. "Na verdade, estou estudando teologia agora mesmo." Peguei o livro que eu estava lendo, o “Institutes of Eclentic Theology “, de Turretin do século 18.
"É claro que temos algumas diferenças, incluindo a questão fundamental da identidade de Jesus. Acredito que João ensina em João 1:3, que Jesus é o Criador não criado. Isto faz dele Deus."
A menção da divindade de Cristo era tudo o que era necessário para trazer o pessoa da retaguarda para a ação. A pessoa na sombra falou pela primeira vez. Sinceramente, eu não estava preparado para a sua resposta.
“Você tem direito à sua opinião e nós temos direito à nossa," foi tudo que ela disse. Nenhuma pergunta, nenhum desafio, nenhuma réplica teológica. Isso foi uma dispensa, não uma resposta. Ela se virou e se dirigiu para a próxima casa – rebocando sua jovem cadete - em busca de um jogo mais vulnerável.
Eu tentei encontrar algo para dizer que poderia retardar a sua retirada. "Você também pode estar errada em sua opinião," disse suave, mas diretamente. Eu admito que não foi uma reposta devastadora, mas era tudo que eu pude pensar. "É claro que ambos não podemos estar certos, mesmo tendo ambos o direito às nossas opiniões." Eu estava esperando por algum tipo de reação, algum tipo de envolvimento, mas o meu desafio não teve qualquer efeito.
Enquanto elas desapareciam da minha entrada, eu disparei a minha última tentativa, esperando em vão por uma resposta. "Obviamente, você não está interessada em ouvir qualquer outro ponto de vista que não o seu." Em seguida, elas se foram.
Nos momentos que se seguiram uma série de perguntas inundaram minha mente. Será que eu usei a tática correta? Será que uma abordagem diferente teria sido mais eficaz? Alguma coisa que eu disse deixou uma boa impressão? Será que eu plantei ao menos uma semente de dúvida na mente da iniciada?
Eu provavelmente nunca vou saber a resposta para essas perguntas, mas ainda assim o encontro foi educacional. Veja algumas coisas sobre este breve encontro.
Em primeiro lugar, o que é que estas duas missionárias fizeram quando encontraram alguém que era biblicamente informado? Qual foi sua primeira resposta, quando eu mencionei a minha experiência e então deu um esboço de uma miniatura de argumento atingindo direitamente no coração de uma de suas mais queridas doutrinas?
Elas deram pra traz. Elas se retiraram. Elas fugiram.
O que há de errado com este cenário? Se você estivesse convencido de que o medicamento que você tem em suas mãos iria salvar a vida de um paciente prestes a morrer, você daria as costas, deixando-os perecer, somente porque não gostam do sabor do tratamento?
Não é um comportamento estranho para um evangelista de porta em porta, que sai para salvar o mundo, mas levanta vôo ao primeiro sinal de discórdia?
Primeiro, elas não estavam muito confiantes de sua mensagem. Por que eu deveria gastar um único momento para analisar uma suposta mensagem de Deus que o mensageiro não levantaria um dedo para defender-la? Por que devo respeitar a causa de um soldado que se retira ao primeiro sinal de resistência?
Em segundo lugar, elas não estavam tão interessadas na minha salvação. Se alguém está verdadeiramente interessado em resgatar almas perdidas, o seu primeiro impulso seria o de descobrir o que eu acreditava e, em seguida, corrigir a minha teologia errada. Não é por isso que eles vão de porta em porta, para testemunhar para o perdido, a dar-lhes a verdade sobre Jeová Deus e convidá-los a aderir à Associação Torre de Vigia?
Mas elas nem sequer ouviram o meu ponto de vista, muito menos tentaram corrigir o meu erro. Sabe o que isso me diz? Elas não se importaram muito sobre o meu destino eterno.
Terceiro, elas não levam a questão da verdade muito a sério. Evangelismo religioso é uma empreitada persuasiva; o evangelista está tentando mudar a mente das pessoas. Ele acredita que sua opinião é verdadeira e a dos outros é falsa. Ele também acredita que a diferença é importante. Siga a verdade, você ganha; Siga a mentira, você perde – e muito. Um compromisso com a verdade (em oposição a um compromisso com uma organização) significa uma abertura para uma afinação de sua própria opinião, aumentar o rigor na compreensão, constantemente à procura de uma maior precisão no pensamento.
Um desafiante pode sempre revelar-se uma benção disfarçada, um aliado em vez de um inimigo. Um evangelista que está convencido da sua opinião gostaria de ouvir os melhores argumentos contra ela. Uma de duas coisas vai acontecer.
Ele pode descobrir que algumas objeções a sua opinião são boas. A refutação o ajuda a fazer ajustes e correções em seu pensamento, para refinar o seu conhecimento da verdade. Ou pode revelar que ele está em terra firme no final das contas. Desenvolver respostas aos argumentos mais duros contra ele reforça tanto o seu testemunho quanto sua própria confiança em sua religião.
Mas os minhas visitantes não esperaram para ouvir os meus pensamentos para informar as suas próprias crenças, para que elas possam conhecer a verdade com mais precisão. Elas não pararam para ouvir as razões pelas quais eu rejeito a autoridade da Torre de Vigia, para que elas possam tentar me refutar e ganhar confiança na sua própria crença.
Um último pensamento me ocorreu. Às vezes, um evangelista é um Jeremias, uma voz solitária fielmente proclamando uma mensagem diante de uma incredulidade firmemente enraizada. Ela nunca será ouvida, mas ainda assim é declarada fielmente, um exemplo da oferta graciosa de Deus ao recalcitrante, aqueles que nunca irão se mexer.
Mas as duas testemunhas não me ofereceram uma única palavra de advertência, mesmo achando que meus pensamentos já estavam estabelecidos. Não houve uma fiel proclamação da verdade, apenas um rápido recuo.
O que me traz a uma última pergunta. Se estas evangelistas de porta em porta não estavam interessados em minha salvação, ou corrigir minhas noções erradas sobre Deus, ou aperfeiçoar seus conhecimentos sobre a verdade, ou até mesmo ser fiel em falar a verdade em face da oposição, então porque elas foram bater na minha porta? Se elas realmente acreditavam que a crença religiosa não é mais nada do que uma questão de opinião própria, qual é o propósito em mudar os pensamentos das pessoas?
Deve ter havido alguma razão para estas senhoras saírem a cada semana, arriscando-se no desconforto, escárnio e ridículo. Qual foi? Não foi de fidelidade a Deus e à Sua mensagem, ou não teriam me dispensado tão prontamente. Foi a fidelidade a uma organização, a Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados.
Estas missionárias tinham cumprido a sua agenda. Elas bateram na minha porta e me ofereceram literatura. Anotar as horas é o que as mantém na "graça". Salvar almas não é realmente o objetivo. Nem é saber a verdade, nem aprofundar-se em sua fé, nem proclamar a mensagem fielmente.
Esse é o perigo de promover uma organização em vez de ser fiel à verdade de Deus. Tudo vai às avessas. O meio torna-se o fim e a vida desvia-se de toda a empreitada.
Isso tudo traz algumas lições para cada cristão que leva a sério a sua fé: Não seja demasiadamente rápido em dar para trás perante a oposição.
Em primeiro lugar, por mais inteligente ou agressivo que o seu adversário possa parecer, ele ainda está, de fato, perecendo sem Cristo. Você não sabe quais lutas internas ele está enfrentando que não se demonstram através de seu exterior de confiança ou aspereza. Você só sabe que Deus vai usar seu desafio simples e gracioso, porém direto à sua crença e começar a derreter o seu coração rebelde.
Segundo, você poderá aprender alguma coisa. Talvez seja você quem está errado, pelo menos em parte. Se os seus maus argumentos são refutados, livre-se deles. O caso do cristianismo é bom demais para ser comprometido pelas más defesas.
Mas talvez você não esteja enganado. Se sim, você quer ter a certeza de que sua fé pode agüentar até a mais rigorosa análise. Se alguém tem uma objeção, você não tem que responder-la imediatamente. Certifique-se de que compreende claramente a oposição e, em seguida, faça algumas pesquisas sobre a mesma. Isto reforçará a sua própria confiança.
Finalmente, por vezes é certo simplesmente, mas graciosamente, dizer a verdade sobre Deus e o homem, mesmo quando o homem não está interessado. Pode haver um dia, quando as suas palavras confiantes e claras retornarão para ele. Se não for deste lado da sepultura, será em frente ao trono, como prova que Deus tornando as opções claras, mesmo em face do desinteresse.
Não se retire em face da simples oposição. Muita coisa está em jogo. Seja o tipo de soldado que gera respeito mesmo no inimigo, em virtude da sua coragem sob fogo.


Gregory Koukl é presidente da Stand to Reason, uma organização voltada para a defesa da fé cristã e para o treinamento de cristãos para que possam pensar de forma mais clara sobre sua fé.