Sábado passado enquanto saímos do mercado (e pensávamos como R$50 não compra mais nada hoje em dia...) fomos abordados por um senhor bem idoso, vestido de um terno azul claro e com uma imagem de Aparecida na lapela, igual a da imagem acima. Começamos então a falar sobre cristianismo, Reforma, salvação e a igreja.
Nossa conversa começou com uma alegação histórica da parte dele. Segundo nosso amigo, que pediu para ser chamado de Sr. Souza, até o século 16 havia unidade na fé, pois todos estavam embaixo de uma única igreja. Desafiamos essa afirmação porque do ponto de vista histórico, isso não é verdade. Citamos por exemplo o cisma com a igreja ortodoxa, a existência da igreja etíope e a igreja armênia, tudo isso muito antes da Reforma. O que havia na verdade era uma “unidade” dentro da Igreja Católica Romana, além da divisão em vários ritos, mas que essa não era representante do cristianismo na Terra e nem sua única expressão, sendo menos ainda depositária das doutrinas cristãs e já desviada dos ensinos dos apóstolos. Ele pareceu surpreso, dizendo que foi a primeira vez que havia ouvido falar sobre essas coisas.
Quando percebemos que a conversa estava se dirigindo para uma simples discussão sobre história, resolvemos levantar o assunto que no final das contas é mais importante. Fizemos a pergunta mais clássica: “Sr. Souza, se o senhor morresse nesse momento, o senhor estaria salvo”?
Ele nos respondeu que esperava que sim. João em suas cartas diz que escreve para a igreja para que saiba que são salvos (1 João 5:13). Podemos ter garantia da salvação. Nesse momento, compartilhamos o evangelho com ele, falamos sobre a Lei, sobre pecado e sobre a Graça (se você quer aprender como evangelizar de forma efetiva, clique aqui).
Algo que sempre usamos para saber se alguém é verdadeiramente cristão ou não é perguntar sobre a salvação. Perguntamos a ele por que Deus deveria perdoá-lo, quais as bases para esse perdão. E em momento algum ele disse que Deus pode nos perdoar porque nossos pecados já foram pagos em Cristo. E isso é primordial! Sem esse entendimento, não pode haver salvação. Pois se a pessoa acha que é salva por qualquer outra coisa que não a obra vicária de Cristo, então ela acha que é salva por obras.
Uma vez compartilhado o evangelho com o Sr. Souza, ai voltamos a questões históricas e principalmente, sobre a questão da autoridade do Papa como necessária ao cristianismo.
Várias vezes eles nos dizia algo sobre alguma crença do catolicismo e nossa resposta era “mas a Bíblia diz” tal e tal coisa, que contradizia o que ele havia dito. Mas não recebemos qualquer resposta. Por uma vez ele disse que Jesus falou sobre o tribunal da penitência e pedimos que ele nos dissesse qual versículo era esse, pois nunca lemos nada sobre isso nos evangelhos, mas ele não soube nos dizer qual versículo ele estava falando.
Infelizmente, em momento algum da conversa ele foi capaz de prover qualquer citação escriturística como base para suas afirmações. Tudo o que ele nos proveu foram argumentos que só seriam válidos partindo do pressuposto que a figura do Papa é indispensável para que exista o cristianismo. Como não possuímos esse pressuposto, não havia muito para onde ir daí. Nossa base sempre é a clássica protestante Sola Scriptura.
Um outro ponto importante levantado pelo Sr. Souza é que nós protestantes temos nossas doutrinas baseadas em raciocínios naturais. Pedimos para que ele explicasse melhor sua afirmação e ele nos disse que como não possuímos uma autoridade central espiritual, que pudesse falar diretamente no lugar de Deus, só nos restava o pensamento humano, cheio de sofismas e naturalismo. Na verdade, essa declaração não faz sentido. Conforme mostramos a ele, nossos pensamentos estão baseados naquilo que Deus disse ao homem através das Escrituras. Nós acreditamos que as Escrituras nos foram dadas por Deus, portanto é uma obra sobrenatural. Se temos como base de nossas doutrinas algo sobrenatural, a origem de nossas doutrinas é sobrenatural. Além de tudo isso, todo raciocínio é naturalista em seu cerne, já que usamos nosso cérebro para raciocinar. E não vejo problema algum em relação à isso. Coube a ele então mostrar o por quê de nossos sofismas. Infelizmente, ele não foi capaz de fazê-lo.
Terminamos cordialmente nossa conversa, com uma troca de e-mail e a promessa que ele nos enviaria alguns textos nos mostrando a veracidade do catolicismo e os erros que levaram a reforma protestante, que segundo ele é herética e desnecessária. Estamos aguardando até o momento os texto. Infelizmente não ficamos com o e-mail dele.
O que ficou dessa conversa foi um sentimento de que nosso amigo só tem como suas fontes aquilo que lhe é dito pela igreja católico, sem analisar outras fontes e principalmente, uma completa e total falta de conhecimentos das Escrituras.
Esperamos que ele nos envie algum e-mail, para que possamos continuar nossa conversa.
Por favor, estejam orando pelo Sr. Souza, para que Deus possa mostrar a ele que a salvação é somente através de Cristo e que este é a cabeça da igreja, ninguém mais.