Durante a última madrugada (sim, estou trabalhando de madrugada e estou aproveitando para colocar a leitura em dia. Todo mundo agradecendo às novas leis de call center do nosso querido presidente Lula) li o intitulado “Pequeno Manual para entender os crentes” que eu achei no site Ateus do Brasil. O manual até que é engraçadinho e é um interessante exercício por parte de alguém que não faz parte do nosso universo (ou planeta como ele coloca no manual. Nunca ouvi uma pregação que dizia que eramos de outros planeta, mas enfim...) na tentativa mais de nos estereotipar do que nos entender. Digo isso por causa da linguagem usada no texto que busca com muito cuidado uma terminologia que enfatiza mostrar como somos ridículos. Uma bela escolha de palavras, devo dizer a verdade porque nem eu mesmo conseguiria ridicularizar nossas crenças, mesmo que o quisesse fazê-lo. Pena que o principal objetivo do manual não pode ser alcançado (facilitar o entendimento) porque, apesar de possuir um objetivo declarado a obra se destina a outro objetivo: mostram o quanto somos ridículos, pela perspectiva de alguém de fora da ecclesia (seria esse o nome do nosso planeta?).
Algumas coisas no texto até são engraçadas, como a parte que diz que se você é calvinista, você acredita que é um “verme sujo e grosseiro”. E não é que é verdade? Eu sei que sou um verme sujo e grosseiro! Eu me diverti com isso.
Mas o pequeno manual propositalmente ignora muitas das respostas do cristianismo para suas indagações e só apresenta aquelas que a grande maioria dos cristãos não aceita ou as consideram ridículas. Um bom exemplo é a grande questão sobre como os cristãos podem ser felizes no céu sabendo que seus parentes estão ardendo eternamente no inferno. O cristianismo apresenta boas resposta para essa questão, mas como o objetivo é mesmo ridicularizar os crentes, essas respostas não são apresentadas. E como os crentes lidam com isso? Segundo o autor do pequeno manual ignorando totalmente essa questão. Verdade, nos últimos dois mil anos ninguém no cristianismo foi capaz de apresentar uma boa resposta para isso. Claro que não. E se ninguém apresentou, eu não vou apresentar! Hahaha.
Outro ponto que me agradou foi a seguinte afirmação : “Como as pessoas não gostam de ouvir que não passam de vermes repulsivos, raramente a abordagem inicial de um prosélito crente se baseia na retórica Calvinista”. É por isso que eu, como um prosélito crente (também designado como evangelista, mas não tem a mesma conotação de ridículo) me utilizo da Lei para mostrar como a pessoa é üm verme sujo e grosseiro”. E ao contrário do que diz nosso autor do pequeno manual, essa abordagem dá muito certo.
Além de outras coisas como afirmar que Deus manda bebês para o inferno (quem disse isso?) e bobagens a parte (e sempre desconsiderando uma parte importante da teologia cristã, a Santidade de Deus, que passa a dar sentido a muitas das nossas crenças), o texto me fez refletir sobre duas coisas. A primeira sobre escrever o “Grande Manual para (tentar) entender o ateu”. Seria algo bem legal. A segunda é que, apesar do esforço de nosso pequeno autor em nos ridicularizar, vamos ser sinceros meus irmãos (calvinistas e arminianos) eu não acho que ele teve muito trabalho para isso. Nós muitas vezes facilitamos o trabalho dos ateus. Tudo bem, Jesus disse que o mundo nos odiaria (nosso pequeno autor está bem ciente dessa passagem) mas muitas vezes nós causamos isso sobre nós. Falta de conhecimento das Escrituras, igrejas cheios de falsos convertidos, brigas denominacionais sobre pontos idiotas, busca de prosperidade e curas e mais um monte de vícios de nossa parte que fazem o trabalho de pessoas como nosso pequeno autor muito fácil.
Tenho certeza que se muitos daqueles que são definidos por crentes pelo nosso pequenino autor fossem na verdade cristãos, ele teria de abrir mão de alguns comentários espirituosos.